Dia D da Diálise: um ótimo tratamento que esbarra em desafios nacionais
Dia D da Diálise: um ótimo tratamento que esbarra em desafios nacionais
Sou médica e em 2020 completarei 30 anos trabalhando com diálise. Muitos me perguntam porque escolhi esse caminho. Respondo: me encantou trabalhar com um tratamento que permite que os pacientes vivam apesar da “ausência” de um órgão vital. A diálise substitui rins muito doentes, filtrando toxinas e equilibrando a concentração de sal e outros eletrólitos, ácidos e, especialmente, líquidos. Uma estratégia assim não existe para qualquer outro órgão essencial à vida.
Essa fantástica terapia pode ser utilizada por breves períodos (como na doença renal aguda) ou pelo resto da vida, para preservar pacientes sem perspectivas de recuperar a função dos rins (doença renal crônica) e que não podem, ainda não conseguiram ou mesmo não desejam receber um novo órgão transplantado. Sim, algumas pessoas estão tão bem em diálise que decidem não fazer essa cirurgia.
Que fique claro: o transplante renal é um excelente tratamento. Ele deve ser estimulado sempre, pois eleva a sobrevida e dá uma maior liberdade de “ir e vir”. No entanto, como na diálise, há necessidade de cuidados e uso regular de medicações.
Além disso, a população precisa ter ciência de que, se tudo correr bem, o rim transplantado usualmente funcionará por um longo período (cerca de dez anos). Mas não para sempre.
Diálise para o resto da vida?
A diálise crônica pode ser assustadora e realmente reduz a liberdade do paciente. Ela também exige uma grande capacidade de adaptação às novas rotinas (inclusive por parte da família), restrições e, principalmente, resiliência em relação a possíveis percalços.
Mas ser feliz, produtivo e realizar sonhos é possível com o tratamento de substituição de função renal. Ao longo dos anos, vi inúmeros pacientes ativos em suas profissões. Também acompanhei casamentos, retomadas de esportes prediletos, sonhos de viagens realizados, mães dando à luz, formaturas… E até observei pessoas que, por causa da diálise, tiveram tempo de reconstruir relações importantes no final de vida.
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